Introdução
Quando era miúdo, tinha uma pancada por tudo o que era misterioso. Vivia fascinado pelas artes ocultas, astrologia, numerologia, radiestesia; pelos poderes psíquicos, projecções astrais, telequinésia, percepção extra-sensorial; pelos monstros míticos que se poderiam arrastar pelo mundo, Yeti, Big-Foot, serpente de LochNess, lulas gigantes, tritões; por bruxas, fantasmas e extra-terrestres. Imaginava pistas nos sinais e marcas das muralhas de castelos e salas de palácios, assinalando o caminho para tesouros perdidos. Olhava casas abandonadas e sonhava passagens secretas e segredos milenares.
Escusado dizer que devorei os Ficheiros Secretos!
Um dia, enquanto folheava uma enciclopédia (sim, sei que é um bocado betinho, mas que posso dizer!), encontrei um artigo sobre a Relatividade Especial de Einstein. Já tinha ouvido falar um pouco deste assunto, como toda a gente, mas não fazia mínima ideia do que era exactamente. À medida que lia comecei a ficar incrédulo: diziam-me que o tempo podia "esticar" e que o espaço podia "encolher", conforme o movimento; que efectivamente se podia viajar para o futuro; que a energia era o mesmo que massa. Peguei numa folha de papel e fiz uns bonecos duma nave espacial e uns raios de luz a andar para trás e para a frente, mas não consegui perceber como era possível que o tempo e o espaço se pudessem comportar dessa maneira. Foi aí que pela primeira vez percebi que o mundo é muito mais estranho do que aquilo que parece à primeira vista.
Da relatividade especial passei para a geral, daí para a mecânica quântica, e quanto mais lia, quanto mais livros de divulgação comprava, mais ficava fascinado com a quantidade de coisas bizarras, incríveis que a Natureza nos oferece. Foi deste gosto pelo estranho, diria mesmo pelo mágico, que nasceu a minha paixão pela Física e pela Ciência em geral.
Neste blog quero partilhar com todos as pequenas e grandes coisas que se aprendem em Ciência sobre a forma como o Universo funciona, e como estas podem ser tão ou mais estranhas e maravilhosas que todos aqueles fenómenos esotéricos que me costumavam fascinar quando era mais novo. Quero mostrar que a Ciência traz sentido ao mundo, que as leis da Natureza, apesar da sua maravilhosa simplicidade, não só explicam as pequenas coisas do dia-a-dia como coisas complicadas como seres humanos que são capazes de apreciar arte e explicar o mundo que os rodeia.
Espero também transmitir a ideia de que não precisamos do sobrenatural para dar mistério às nossas vidas: o mundo real já é suficientemente misterioso e estranho para que precisemos de inventar coisas que não existem. Isto é especialmente importante para que mantenhamos um espírito céptico à quantidade ultrajante de pseudo-ciência que hoje se infiltra na nossa sociedade.
E, depois desta conversa toda, vamos ao trabalho! Quaisquer sugestões ou tópicos que gostariam de ver discutidos aqui, é só enviarem-me um email!
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home